Açúcar: usinas começam a fixar preços das exportações de 2022/23

Açúcar: usinas começam a fixar preços das exportações de 2022/23

As usinas do Centro-Sul já estão fixando os preços de exportação de açúcar não só da próxima safra (2021/22), que começará em abril do próximo ano, mas também da temporada seguinte (2022/23), diante das consecutivas altas do dólar ante o real. Muitas delas, porém, estão encontrando dificuldade para fazer o hedge casado da moeda americana com os bancos.

Conforme a Archer Consulting, as usinas estão fixando a tonelada do açúcar para 2021/22 a uma média em reais de R$ 1.450. Para 2022/23, o valor chega a R$ 1.452 – os preços foram trazidos a valores presentes, descontada a Selic. Mesmo assim, a consultoria diz que “as usinas reclamam da dificuldade de se fechar operações de Non-Deliverable Forward (NDF), um contrato a termo de moeda com liquidação financeira, com prazos muito extensos”.

Quem tem conseguido travar os preços de exportação futura nesses patamares está garantindo boas margens. O custo médio de produção no Brasil, conforme estimativa da Archer, é de R$ 1.100 a tonelada (posto no porto de Santos).

Além disso, os valores fixados estão acima da média histórica. Desde 2011 – com exceção da safra 2016/17, quando as cotações do açúcar dispararam na bolsa de Nova York -, os preços ficaram abaixo de R$ 1.450 a tonelada em 63% das vezes (valores corrigidos pelo IGPM).

A sustentação dos preços do açúcar em reais tem sido possível porque o comportamento das cotações internacionais da commodity nesta safra do Centro-Sul está mais estreitamente correlacionado com o comportamento do câmbio no Brasil.

Segundo a consultoria INTL FCStone, a correlação entre o dólar comercial no Brasil e os preços do açúcar demerara em Nova York do início do ano até o começo de maio estava em “-91,1%”, em uma faixa que vai de “100% a -100%”. Percentuais negativos significam que, quando um preço sobe, o outro cai. Em 2018, a correlação entre a taxa de câmbio no Brasil e o açúcar na bolsa era bem mais fraca, de apenas “-63,7%”. Em 2019, a correlação era de “-20%”.
Segundo a consultoria, o estreitamento da correlação nesta safra explica-se pelo aumento da produção da commodity no Brasil em detrimento do etanol. Em 2018 e 2019, o Brasil reduziu sua fatia no comércio global de açúcar, exportando 16,6 milhões e 13,3 milhões de toneladas, respectivamente. Para 2020, estimativas indicam que o volume pode superar 20 milhões de toneladas.

Indicador de preços de açúcar que pondera as variações das moedas dos principais países exportadores conforme a participação de mercado nos embarques totais, o Sugar Index (SI) mostra que o preço global do açúcar está mais vinculado ao real neste ano.

Em 2020, a correlação entre o SI e a cotação do açúcar na bolsa de Nova York é de -92,3%. “Para os próximos meses, parece provável que a moeda brasileira continue sendo um importante determinante nos preços internacionais do açúcar”, avaliou a INTL FCStone.

Além do aumento da oferta no Centro-Sul do Brasil, a consultoria considera que essa dinâmica também reflete o desaquecimento do consumo doméstico, o que deve elevar a parcela dos embarques.

Fonte: RPA News
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