Perspectiva de déficit global impulsiona cotações do açúcar nas bolsas internacionais

Perspectiva de déficit global impulsiona cotações do açúcar nas bolsas internacionais

A perspectiva de déficit global de açúcar impulsionou as cotações da commodity nas bolsas internacionais na última sexta-feira (27). Durante a sessão, o açúcar bruto, negociado em Nova York, chegou a bater a máxima semanal de 20,10 centavos de dólar por libra-peso. O déficit mundial de açúcar tem sido acentuado pelos números apresentados pelo Brasil, maior produtor de açúcar do mundo, que sofre com perdas decorrentes de problemas climáticos.

Na ICE, a sexta-feira foi de alta em todos os lotes do açúcar bruto. O vencimento outubro/21 fechou cotado a 20,04 cts/lb, alta de 36 pontos, ou 1,8%, no comparativo com a véspera. Já a tela março/22 fechou em 20,68 cts/lb, 34 pontos a mais do que os preços do dia anterior. As demais telas subiram entre 14 e 34 pontos.

Na sexta-feira, segundo a Reuters, a Organização Internacional de Açúcar (OIA) projetou um déficit mundial de açúcar de 3,8 milhões de toneladas na temporada de 2021/22. "O mercado continua preocupado com a safra brasileira. As chuvas que deveriam vir parecem agora mais leves e contidas no sul do Estado de São Paulo. O mercado tem um viés tecnicamente positivo", disse um corretor norte-americano.

Açúcar branco

Em Londres, o açúcar branco também fechou em alta em todos os vencimentos na última sexta. O lote outubro/21 foi contratado a US$ 487,40 a tonelada, alta de 10,20 dólares, ou 2,1%, no comparativo com os preços da véspera. O lote dezembro/21 subiu 9,10 dólares. Os demais lotes fecharam valorizados entre 3,20 e 9 dólares.

Açúcar cristal

No mercado doméstico o açúcar cristal também fechou em alta na última sexta-feira pelo Indicador Cepea/Esalq, da USP. A saca de 50 quilos foi negociada em R$ 137,18, valorização de 0,64% no comparativo com o preço praticado na véspera.

Análise

Em seu artigo semanal de análise dos preços do açúcar, o diretor da archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa destacou, "por inúmeras vezes temos opinado aqui acerca da importância que as empresas do setor deveriam dar às estruturas de proteção dos chamados riscos de cauda. Imagine uma distribuição em curva de sino (equação da curva normal de Gauss), em que as extremidades dessa curva, chamadas de cauda, representam eventos de baixa probabilidade. Quando eles ocorrem, no entanto, olhamos para trás com arrependimento por não ter feito nada para se proteger ou para ter participado do movimento".

Corrêa destaca ainda que a quinta estimativa de fixação de preços do açúcar destinado à exportação das usinas correspondente à safra 2022/23 mostra uma desaceleração (movimento iniciado no mês anterior) no volume refletindo a preocupação acerca do tamanho da próxima safra de cana a ser colhida em 2022. As usinas estão mais cautelosas.

"Nosso modelo apurou que, com base nos dados no fechamento de 31 de julho de 2021, 7,001 milhões de toneladas de açúcar já estão fixadas para a safra 22/23, volume equivale a um percentual de 27.50%. O valor médio de fixação na safra 22/23 é de 14.78 centavos de dólar por libra-peso, sem prêmio de polarização, equivalentes a R$ 1,860 por tonelada FOB Santos, ou R$ 0,81 por libra-peso, ambas incluindo o prêmio de polarização. Esse valor corresponde a um hidratado de R$ 3,2400 o litro sem impostos, na usina", destacou.
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